Num velho bairro da periferia
Terá uma grande partida
Onde o grande é pequeno
Em pleno sábado quente
Chegaram sem hora marcada
Os rostos dos jogadores são como uniformes
Depois de ímpar e par e após disso a bola já é rolada
Onde tem bola velha e murcha
Ou bola de tênis suja
Ou até lata de cerveja amassada do papai
Que é a bola do jogo
O par de tênis que fica entre gols como trave do gol
Chinelos velhos que ficam nas mãos como luva do goleiro
Sem limites dos números de jogadores
Tem permissão de jogar sem ou com tênis
Os olhos dos jogadores fixam na bola
Esquecem a placa do jogo
Até esquecem o dever de casa
Até esquecem o almoço
Os ruins vão para o gol
Os bons só atrás da bola
Raramente terá substituições
Todos os jogadores são juízes
O jogo pode ser interrompido
Quando o Fusca ou a Brasília passarem na rua
Também quando a bola cair no quintal da vizinhança
Após isso, resgatam uma bola e normalmente o jogo volta
O jogo nunca vai terminar, até anoitecer
Ou até quebrar um vidro da vizinhança
Ou até a tempestade
Ou até a mãe do dono da bola chamar para ficar de castigo
Assim o jogo termina!
Felipe Lima